A PSIQUE DAS FAKE NEWS NO CONTEXTO DA PÓS-VERDADE


Por: Gabi Salima, Maria Marques e Carolina Franco
Em teoria da comunicação, compreendemos que ela acontece em um determinado contexto e para que ela aconteça precisamos de um emissor a transmitir uma mensagem por um canal (um meio) para um receptor. Entretanto, para que o receptor dê um feedback ao emissor, é preciso que ele tenha entendido, logo, é necessário que a sua percepção sobre o que foi comunicado faça sentido com o que foi dito, é preciso que haja a decodificação do signos, junto com o trabalho de sua memória e atitude. A percepção é o ato de distribuir sentidos ao mundo que se habita e também faz parte da existência humana. Mediante isso, a reflexão da autora Rosa Cabecinhas, traz exatamente essa questão, a teoria da comunicação é algo muito mais amplo do que somente essa relação de receptor e emissor, é o resultado da interação humana.

O Professor e Doutor Ricardo Mendes Mattos, docente da Universidade de Taubaté-UNITAU, comenta que em uma interação em conjunto, dada mediante ao estudado por Michel Focault, saber é poder, ou seja, aquele que possui esse poder tem a possibilidade de impor o que sabe, desconsiderando que a verdade é relativa. Vivendo em meio ao ceticismo, no qual não há verdade absoluta, surge a fake news, uma versão imaginária de algo, que nos é imposta como real, pela influência social. Porém é necessário não deixar ser levado pela pressão grupal e a influência, e ir em busca da prova dos sentidos, chamadas de as evidências; a checagem de dados no meio informativo é essencial e necessária, de forma ampla, atingindo o público, fazendo com que o usuário precise dessa checagem . Não é obrigatório tratar tudo que nos é entregue como convenção social conveniente pautada em crença coletiva.

Desde criança, a sociedade nos exige determinadas posturas em ambientes sociais, mantém um controle gregário e uma coesão grupal para o suposto bem de todos. Levando em consideração que não manter o hábito constante de checagem de fake news é manter-se numa comodidade, afinal é como se aceitasse tudo aquilo que recebe como informação, sem questionar ou negar. A verdade não é feita para ser cômoda, é feita para incomodar. Para evoluir, precisamos sair do lugar e estar dispostos a refletir sobre as nossas próprias crenças e aprender a sermos mais tolerantes, já que a intolerância, é ir contra um questionamento ou crítica.

Existe uma palavra que também explica porque as pessoas continuam disseminando notícias falsas, chamado de "Pós-Verdade" que segundo o dicionário de Oxford, é um adjetivo que significa ‘relacionado a ou que indica circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal’ e também foi eleita a palavra do ano em 2016 por conta do aumento do uso no contexto da saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e da eleição presidencial nos Estados Unidos. O prefixo “pós”, em pós-verdade, se refere a um tempo em que a verdade perde sua relevância. Dessa forma, entendemos que a disseminação de notícias falsas, baseadas na identificação de valores e crenças, ocupam cada vez mais espaço em uma sociedade conservadora e portanto, torna a tarefa de combate às fake news, cada vez mais complexa.

Segundo Freud, estar de acordo com a massa, nada mais é do que aproveitar o prazer do inconsequente. Portanto, seguindo a linha de pensamento de Freud, reprimam nossos impulsos, sejam menos instintivos, e passem a questionar tudo pela frente.


Confira a entrevista com o Professor Dr. Ricardo Mattos