Medicamentos frequentemente usados por mulheres são alvos de desinformação por parte da população

Nas últimas semanas, em uma “trend” viralizada nas redes sociais, influenciadores digitais norte-americanos espalharam notícias falsas sobre a pílula anticoncepcional, alegando que o seu uso poderia causar problemas de saúde e doenças, como a infertilidade, além de mudança no comportamento sexual.
Os anticoncepcionais são medicações hormonais que têm, como objetivo principal, prevenir a gravidez, trazendo benefícios para a saúde e tendo também, um papel fundamental na luta pela liberdade e autonomia das mulheres.
O medicamento foi desenvolvido nos Estados Unidos, na década de 1950, sendo comercializado a partir da década de 1960. O desenvolvimento do anticoncepcional é considerado um grande avanço, visto que, a princípio, foi alvo de controvérsias em relação a sua eficácia, e principalmente por possibilitar maior livre-arbítrio das mulheres sobre seus próprios corpos e desejos, indo contra o pensamento patriarcal e inclusive contra leis, como por exemplo, a lei norte-americana: “Comstock Act”, que considerava o uso, a publicidade, distribuição e a posse de métodos contraceptivos, um crime federal, e tinha como sentença o pagamento de multas até a detenção.
Mesmo com visões negativas, a pílula anticoncepcional foi bem aceita na maioria dos países em que foi introduzida. O uso do medicamento, além de trazer um planejamento com mais precisão de “se e quando” os casais terão filhos, trouxe benefícios sociais e econômicos, permitindo um aumento na proporção de mulheres no mercado de trabalho, proporcionando estabilidade financeira e ajuda no controle do crescimento da população mundial, principalmente nos países subdesenvolvidos.
Finalidades da pílula anticoncepcional:
Além, da prevenção de gravidez, o remédio pode ajudar no tratamento de outras doenças como a Síndrome dos Ovários Policísticos, um distúrbio hormonal comum, caracterizado pela presença de cistos (pequenas bolsas que contêm material líquido ou semissólido), que podem causar problemas como irregularidade menstrual, acne, e em casos mais graves, obesidade e infertilidade. Outro exemplo seria o uso no tratamento da endometriose, que é caracterizada pela modificação no funcionamento normal do organismo, em que as células do tecido que reveste o útero (endométrio), ao invés de serem expulsas durante a menstruação, elas se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e ocasionar o sangramento. O medicamento pode auxiliar também na redução de cólicas e regularização do ciclo menstrual, na diminuição da acne, na incidência diminuída de anemia e de gravidez ectópica, além da proteção contra o câncer de ovário e doença benigna da mama.
Efeitos colaterais da pílula:
Todo medicamento requer precauções e acompanhamento médico, e com a pílula anticoncepcional não é diferente. Por isso, deve-se manter uma atenção redobrada com os efeitos colaterais que podem ocorrer, como dores de cabeça, tonturas, náuseas, vômitos, irritabilidade, aumento do apetite e, consequentemente, ganho de peso, queda de cabelo, etc, sem contar com a falta de informação e a propagação das Fake News.
Com base nisto, a divulgação de informações e notícias falsas, principalmente na atualidade, têm se tornado parte da rotina das pessoas. Independentemente da área, as Fake News estão de alguma forma sempre mostrando-se presente, e consequentemente na área da saúde também. No caso das pílulas anticoncepcionais, muitas vezes há a divulgação de informações não verídicas sobre tal método contraceptivo, gerando impactos na população e na saúde pública.
Gravidez indesejadas, maior demanda de atendimento em maternidades, gastos hospitalares, além da resolução de problemas causados devido ao aborto que as mulheres podem ter sem ter um ambiente hospitalar adequado, são algumas das consequências que podem ser causadas pela divulgação de notícias falsas. De acordo com a Ginecologista e Obstetra, Kelly Verina Bomtorin Durand, uma das Fake News mais divulgadas, se relaciona com a eficácia dos métodos contraceptivos, por normalmente as pessoas taxarem sua eficácia em 100%, como no caso da pílula hormonal. Algo que segundo a Dra Kelly, é bem perigoso, pois a maioria dos métodos contraceptivos giram em torno de 90% de eficácia, quando utilizados de forma isolada.
Dessa maneira, para evitar a desinformação, Kelly afirma ainda que é necessário orientar as pacientes o máximo possível, fazendo um bom serviço principalmente no atendimento médico-paciente, gastando o tempo explicando todos os métodos, como eles funcionam e quais são os riscos e os benefícios de cada um. Acrescentando também, a divulgação de informações verdadeiras na internet, auxiliando no combate das inverdades e protegendo a saúde das mulheres.

Em nossas matérias exploramos as fake news a respeito dos métodos contraceptivos, tendo em vista que esse tema é um dos que mais têm mentiras e dúvidas espalhadas pela sociedade desde sempre. |
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