Apesar de sua eficácia, DIU não é opção mais utilizada no Brasil

Por Letícia Botan

Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2019 indica que apenas 4,4% de mulheres entre 15 e 49 anos utilizam o Dispositivo Intrauterino (DIU) como forma de método contraceptivo, uma taxa muito baixa considerando sua eficácia. Esse índice refere-se a mulheres que menstruaram e foram sexualmente ativas nos últimos 12 meses.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o DIU, é um dos métodos contraceptivos reversíveis - que não afetam a fertilidade- mais eficazes e seguros da atualidade. Apesar da baixa procura no Brasil, ao redor do mundo, são aproximadamente 170 milhões de pessoas que fazem uso desse contraceptivo.

Com isso, o Ministério da Saúde emitiu a Nota Técnica N°31 em 2023, que consta a ampliação na disponibilidade de dispositivos intrauterinos no Sistema Único de Saúde (SUS). No documento é orientado pelo governo brasileiro que a colocação e retirada do método contraceptivo também possa ser feita por profissionais da enfermagem, além de médicos, que já realizam o procedimento. A nota é uma forma de fazer com que essa opção seja escolhida com mais frequência pelas mulheres, devido à sua segurança e eficácia.

O que é DIU?
Dispositivo Intrauterino, mais conhecido como DIU, é um pequeno objeto inserido dentro do útero que tem a função de dificultar a fecundação do óvulo pelo espermatozoide. Atualmente, existem dois tipos de DIU, o de cobre e o hormonal. O de cobre não possui hormônio, é mais barato e pode ficar até 10 anos no útero, indicado para mulheres que precisam evitar hormônios externos. Já o DIU hormonal, como o próprio nome diz, possui hormônios e pode ficar no útero durante 5 anos. O índice de eficácia do DIU de cobre é de 99,2% a 99,4% e o hormonal é de 99,8%.

Com os dados relatados acima, o DIU se mostra mais simples e eficaz que muitos métodos contraceptivos, como a pílula anticoncepcional, que precisa de mais cuidados para ser mais eficiente, como: tomar todas as pílulas no mesmo horário e sem esquecer nenhuma. Caso uma dessas situações aconteça, a eficácia desse método cai de 99,7% para até 91%.

Procedimento
O processo até a inserção desse dispositivo não é algo simples, é necessário o acompanhamento de um médico ginecologista que esclareça a situação de cada indivíduo e indique qual o tipo de DIU mais adequado para cada paciente, alertando sobre as contraindicações.

Contudo, o momento da inserção do DIU na mulher é relativamente simples, podendo ser colocado no consultório ginecológico em 15 minutos, sem a necessidade de sedação ou de internação. Outro ponto positivo do contraceptivo é que ele pode ser colocado em qualquer período do ciclo menstrual, desde que se tenha certeza que a paciente não esteja grávida. A maioria das mulheres que colocaram o dispositivo destacam que sentiram apenas um leve desconforto durante o procedimento.

Recomendação
Apesar de ser um contraceptivo que não previne DST’s (Doenças sexualmente transmissíveis), como a HPV e a Sífilis, o DIU age diretamente na redução do fluxo menstrual, sendo recomendado para meninas na adolescência, mulheres com endometriose ou dismenorreia, quando a menstruação é forte e dolorosa.


Em nossas matérias exploramos as fake news a respeito dos métodos contraceptivos, tendo em vista que esse tema é um dos que mais têm mentiras e dúvidas espalhadas pela sociedade desde sempre.
Pílula do dia seguinte: verdade ou fake? || Isabella Bilard
Cobertura vacinal contra HPV está abaixo da meta no Vale do Paraíba || Pedro Mathey
Apesar de sua eficácia, DIU não é opção mais utilizada no Brasil || Letícia Botan
O impacto das Fake News no tratamento da AIDS || Amanda Ávila
A importância da informação no uso de anticoncepcionais || Rafaela Bitencourt