Fake News sobre Saúde: o que a Psicologia explica?

Por Ana Patrícia Marinho

É um fato que as fake news (FN), ou seja, as notícias falsas, têm invadido de maneira expressiva o cotidiano dos indivíduos, sobretudo por meio das redes sociais, e especialmente aquelas relacionadas à Saúde. Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, indica que as notícias falsas são disseminadas 70% mais rapidamente do que as informações verdadeiras, de acordo com o artigo da Instituição publicado na Revista Science. Mas, você pode estar se perguntando, caro leitor: se são notícias falsas, como e por que elas têm tanta relevância na comunidade? A Psicologia indica alguns caminhos.

O conceito de “mentalidade coletiva” ou “alma coletiva” foi criado pelo psicólogo francês Gustave Le Bon em sua obra “Psicologia das Massas”, escrita no século XIX. Ele argumenta que, uma vez inserido em um grupo, o indivíduo tende a se desprender de sua personalidade e a tornar-se suscetível a influências externas em diversos âmbitos sociais, inclusive na Saúde.

Além de Le Bon, o psicanalista Sigmund Freud também realizou um estudo sobre as massas, mas no século XX, com o lançamento de seu livro “Psicologia das Massas e Análise do Eu”. Na obra, Freud concluiu que os sujeitos inseridos nas massas apresentam comportamentos como a falta de autonomia e iniciativa, “enfraquecendo a aptidão intelectual” e provocando o “esvaecer da consciência ou do sentimento de responsabilidade”.

No entanto, essa anulação do ser tem impacto direto na mente, na vida e, principalmente, nas atitudes tomadas pelo indivíduo. Ademais, em entrevista para um episódio do "Interjornal Entrevista", podcast informativo dos estudantes do 3º semestre de Jornalismo da Universidade de Taubaté (UNITAU), a psicóloga especialista em Saúde Mental, Patrícia Rangel,  indica os desdobramentos da constante exposição às notícias falsas na Rede Mundial de Computadores. “Uma Fake News, a partir do momento que é propagada na Internet, é incontrolável. Lógico que a Internet em si não é o problema, mas sim, aqueles internautas que fazem o mau uso da plataforma, causando: o aumento da ansiedade, depressão, pânico, insegurança, entre outros efeitos emocionais na comunidade”. 

A Dra. Patrícia ressalta, ainda, algumas alternativas que os cidadãos podem adotar para evitar as ciladas provocadas pelas notícias falsas. "O ser humano está emburrecendo: as pessoas estão cada vez mais perdendo a capacidade de reflexão. Então, uma saída para evitar a adesão a informações falsas é a promoção da reflexão, que pode - e deve - ser feita por meio da leitura. Mas não uma leitura superficial, e sim, profunda, a qual envolve uma análise crítica e exercita a capacidade de reflexão".

Confira o episódio do Interjornal Entrevista com a participação da psicóloga completo: 




Em nossas matérias destacamos como a psicologia pode explicar o fenômeno das fake news na Saúde, além da análise de casos marcantes na História em que notícias falsas foram veiculadas como a pandemia da COVID-19.
O que leva o ser humano acreditar em Fake News || Aline Monte Sião
Como as Fake News propagam as campanhas Anti-Vacina || Laura Liberato
Fake News sobre Saúde: o que a Psicologia explica? || Ana Patricia Marinho
A Pandemia Oculta: Como as Fake News Agravaram a Crise do Coronavírus? || Mayara Abreu